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Porto Alegre, 22/1/96
Praia do Rosa
Príncipe artesão etrusco/ colocou no meu pulso esquerdo/ um bracelete prata pedra rude ágata – esmeralda:/ cor exata do seu olhar e do mar,/ suas costas nos seus olhos.
Obrigado: falei.
E quando me ia, olhos baixos, ele disse: “um beijo”. Depois tocou na ferida do meu ombro oposto ao que tocara antes, fechando meu corpo em seta para o infinito.
Pela primeira vez em dois anos senti tanta mágoa e pena de ser o leproso de Cartago. Não posso dar-lhe Thanatos como se Eros fosse.
Isso não dói. Seu bracelete é bálsamo na minha pele em frangalhos.
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Jornal do Brasil – Caderno B – 27 fevereiro 1996
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