O
sucesso num livro de estreia é sempre uma faca de dois gumes, na medida em que
exagera expectativas que nem sempre o autor é capaz de cumprir. Não foi esse o
caso da gaúcha Lya Luft. Cronista e poeta bissexta, tradutora respeitada, ela
estreou ano passado com a ótima novela As
Parceiras.
Em A Asa Esquerda do Anjo, Lya Luft viaja
novamente pelo espaço que lhe é familiar: o universo feminino invadido por
temores e preconceitos esterilizantes. No meio decadente de tios alcoólatras e
tias loucas, cheio de vagas emoções incestuosas, definem-se duas figuras amadas
por Gisela: a mãe e a prima Anemarie. Obcecada pelo pecado e pela morte, a
personagem central de Lya escolhe deliberadamente a virgindade e a solidão. A
autora não tem parentesco em nossa literatura: suas histórias, de uma poesia
mórbida, desvendam um submundo emocional em que poucos se atreveram a penetrar.
Veja, 3 de Junho, 1981
Lya Luft uma ótima escritora
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