Lendo essas histórias – romances curtos, novelas,
confissões de um amor muito pessoal: que importa o nome? – ficaram muitas
coisas na minha cabeça. Antes de mais nada, a culpa que atormentava Pasolini
por esse amor que chamam de homossexual. E o seu impulso em direção ao prazer
de repente e sempre cortado pelo proibido de fora ou de dentro de nós. Fico
pensando que, se existe alguma forma de modificar o mundo e as organizações
sociais repressoras dentro dele, uma das mais eficientes talvez seja a dos
poetas. Quando abrem o coração para, devagar e sofregamente, mostrar aos outros
tudo o que se passa dentro dele. É nesse momento que conceitos como moral,
certo errado, bem ou mal deixam de ter sentido. Fica, no final de tudo, só a
vida que flui e reflui sem nome, imensa.
O texto acima está na contracapa de Amado Meu (ed. Brasiliense, 1984). É resumo de um, já postado aqui, o belíssimo Meu Amado Pasolini, publicado no Primeiro Toque, o informativo da editora, e datado assim: "Sampa, maio de 1984". Abaixo o link:
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