Estou muito feliz com À Beira do Mar Aberto. Por várias
razões. Uma delas: a direção de Gilberto Gawvronski. Vítima durante anos de
leituras, interpretações e versões equivocadas de meus textos para teatro, só
fui me reconciliar com esse processo depois do trabalho de Gilberto (e o
magnífico Ricardo Blat) sobre a minha Uma História de Borboletas. Desde então,
sinto nele uma espécie de alter-ego teatral: o que ele faz no palco com meus
textos – de – livros é exatamente o mesmo que, se fosse diretor, eu faria. Não
se trata nem de gostar, é mais fundo ainda. Identidade, cumplicidade, empatia,
irmandade. Outra razão é Natália Lage, cujo trabalho aprendi a admirar através
da TV, e que vai pintando como uma das grandes atrizes de sua geração. Mas o
que mais me encanta nisso tudo é a visão sobre meu texto. Não teens modernos,
arrogantes, padronizados e mimados pela mídia burra, mas pessoas – Natália e
toda a sua turma atentas ao tempo, esse orixá que os muito moços, por sua
própria condição de moços, ainda não conhece. Sinto lisongeado pelo carinho que
eles dedicaram às minhas histórias, pela luz que jogaram sobre elas, frequentemente
tão sombrias.
E há esse sopro de novo, única coisa capaz de revigorar o
planeta cansado, o tempo cansado, os homens cansados. Que sopre forte como
aquele vento inglês que chega do norte no começo da primavera, para afugentar
os maus espíritos e as trevas do inferno. Lá, as pessoas escancaram todas as
janelas. Deixam soprar sem medo. Foi pensando nisso que eu disse “sim” a
Gilberto, a Natália e a todos os outros parados, atentos à beira deste mar
aberto aos nossos pés.
Programa
da peça À Beira do Mar Aberto - Dezembro de 1994
Havia uma outra coisa atrás e além de nossas mãos dadas,
dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles
silêncios saciados quando a gente descobre alguma coisa para observar.
...sempre se precisa ir além de qualquer palavra ou de
qualquer gesto.
Tremi quando cheguei a perceber o equívoco, pois era como
uma declaração de amor velada e, de certa forma, criava entre nós um
compromisso extremamente sério.
O que nunca pensei é que pudesse ser assim tão vazia uma
casa sem um anjo.
O aplauso seria insustentável para eles: a confirmação de
sua inadequação é compreendida e aceita e admirada, e portanto pelo avesso,
igual ao direito incompreendido, rejeitado, desprezado. Os Dragões não querem
ser aceitos.
Nossa, gostei muito do blog, dessa linda dedicação ao nosso amado CFA, parabéns mesmo :}
ResponderExcluirEstou seguindo, se você puder passa no meu blog para conhecer e se gostar,seguir também..
Um Beijo e boa semana.
Querido,
ResponderExcluirfoi com emoção e gratidão ao teu resgate que recebo sua postagem, nossa viagem para Fortaleza , onde pela primeira vez mostramos nosso A BEIRA DO MAR ABERTO, ainda na companhia física do meu "irmão" Caio F. ainda ilumina meus dias, espero que traga luz a quem ver essas imagens...
obrigado!
Gilberto Gawronski